Inteligência Artificial chega à saúde
Em fevereiro de 2019 uma equipe de pesquisadores da China e dos EUA anunciou o desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial que consegue ler registros de saúde e, a partir deles, realizar diagnósticos com precisão. Em artigo publicado na Nature Medicine, eles explicam que o sistema processa sintomas, histórico médico e outros dados clínicos do paciente.
Para “treinar” o sistema, foram utilizados registros de saúde eletrônicos de mais de 1,36 milhão de visitas pediátricas realizadas num centro de referência na China. Até aqui, o sistema tem demonstrado um nível de precisão comparável ao de médicos experientes, podendo ajuda-los na detecção e doenças raras e na triagem médica.
Esse tipo de uso da IA, na verdade, não é novo. Em 2018, outro sistema de diagnóstico, o IDx-DR, recebeu o aval da FDA (Food and Drugs Administration) nos EUA. O programa consegue fazer diagnóstico de retinopatia diabética – muito frequente em portadores de diabetes – apenas analisando imagens dos olhos dos pacientes. Em um teste clínico com 900 fotos de retinas, o IDx-DR detectou a retinopatia diabética em 87% dos casos e, em 90% deles, identificou corretamente as pessoas que não sofriam da doença.
Um outro sistema vem sendo testado pela Universidade de Stanford para diagnosticar câncer de pele com precisão. Para isso, os pesquisadores alimentaram um computador com enorme quantidade de fotos de marcas e sinais de pele, benignas ou não. Para cada foto, os cientistas diziam à máquina o que a imagem representava. O computador aprendeu a diferenciar umas de outras, e assim criou um potente algoritmo capaz de, a partir de uma foto, dizer se a imagem é de um câncer de pele ou não.
A divulgação do desenvolvimento destes sistemas é só mais um passo na inclusão, cada vez maior, da inteligência artificial no setor de saúde. Não parece, mas ela já faz parte de nosso dia-a-dia, mesmo aqui no Brasil. Um exemplo é o da SulAmérica Saúde, que no ano passado disponibilizou em seu site um assistente virtual que ajuda os segurados a resolver questões mais simples.
Este assistente utiliza o Watson, plataforma de IA da IBM, e tem o objetivo de dar mais precisão e velocidade no atendimento às solicitações. Em dois meses de testes, a solução atendeu 88 mil chamadas, com 45% de solução sem a necessidade de transferência para o atendimento pessoal. A companhia revela que a solução já reduziu em 90% o tempo médio de espera para a solução de solicitações.
Outro exemplo é o do Hospital do Câncer Mãe de Deus, de Porto Alegre, que desde 2017 utiliza a solução Watson for Oncology, da IBM, para o tratamento de pacientes dom câncer. A solução é uma plataforma cognitiva em nuvem, que ajuda os médicos disponibilizando para eles todas as informações clínicas dos pacientes diagnosticados, incluindo histórico e resultados de exames.
Além disso, a solução indica a importância de cada procedimento e as opções de tratamento, medicamentos e efeitos colaterais, tudo com base em evidências científicas globais. Para isso, o sistema foi “treinado” pelo MSK (Memorial Sloan Kettering Center), um dos mais relevantes centros de pesquisas de câncer no mundo e até hoje utiliza evidências atualizadas mensalmente e classificadas por relevância por oncologistas de diversos países.
Não é por acaso que a solução conta hoje com mais de 15 milhões de conteúdos científicos. Por tudo isso, não se espante se, muito em breve, você for atendido por uma destas soluções. Elas já estão aí, prontas para tornar nossas vidas mais saudáveis.